sábado, 16 de dezembro de 2017

Frank Zappa: O mito vive



É um dos nomes mais controversos e marcantes da história da música. Verdadeiro senhor do rock progressivo, a sua obra abraça também estilos como o fusion, jazz, música eletrónica ou clássica. Frank Zappa é um mito a descobrir no eclético mundo das artes. Ora comprove.

Por Irene Mónica Leite @ Obvious

Frank Vincent Zappa nasceu em Baltimore a 21 de Dezembro de 1940. Desde cedo adquiriu gosto por rhythm e blues dos anos 50. Começou a escrever música clássica no ensino médio e entrou na sua primeira banda, The Ramblers, na Mission Bay High School, em San Diego como baterista.

Pela mesma época, os seus pais compraram um fonógrafo, que permitiu ao jovem Zappa começar a construir a sua coleção de gravações.

Na Antelope Valley High School, o músico encontrou Don Vliet (que mais tarde adotaria o nome de palco, Captain Beefheart). Zappa e Vliet tornaram-se amigos próximos, compartilhando um interesse em gravações de R&B, influenciando-se mutuamente. Pela mesma época, Zappa começou a tocar bateria numa banda local, The Blackouts.

Mas o interesse pela guitarra falou mais alto. Entre as suas influências iniciais, estavam Johnny "Guitar" Watson, Howlin' Wolf e Clarence "Gatemouth" Brown.
O músico cresceu influenciado por compositores de avant-garde como Varès, Igor Stravinsky e jazz moderno.

Devido ao seu ecletismo artístico é um verdadeiro desafio categorizar a sua obra. Zappa escreveu todas as suas canções, que refletiam a sua visão dos processos sociais e políticos, com uma boa dose de ironia e humor. Era um forte defensor da liberdade de expressão.
Criador nato, ganhou paulatinamente grande respeito pela crítica. Mas nem só de música viveu a sua carreira. Zappa dirigiu longas-metragens, videoclipes, e produziu quase todos os seus álbuns.

Muitos dos seus trabalhos são considerados essenciais na história do rock e do jazz. Na sua carreira alcançou algum sucesso comercial, particularmente na Europa. Postumamente o icónico músico integrou o Rock and Roll Hall of Fame, em 1995, e ganhou um grammy em 1997.

Zappa faleceu em 1993, de cancro na próstata. Teve quatro filhos: Moon Unit, Dweezil, Ahmet Emuukha Rodan e Diva Thin Muffin Pigeen.

O início de uma longa e rica carreira musical

Freak Out representa o primeiro encontro entre Zappa e a sua banda, The Mothers of Invention.
Tratava-se de um registo que desafiava as convenções, marcado pela liberdade criativa. O som era cru, mas os arranjos eram sofisticados. O mesmo aconteceria com os registos seguintes.

trabalho mais marcante de Zappa e companhia seria "We´re only in it for the money" (1968) com canções que satirizavam a cultura hippie
Para além de músico, Zappa mantinha outros negócios. Ele e Herb Cohen formaram as editoras Bizarre Records e Straight Records, distribuídas pela Warner Bros. Records. Zappa produziu o álbum duplo Trout Mask Replica de Captain Beefheart, álbuns de Alice Cooper, Wild Man Fischer, ou The GTOs.
Em 1969 Zappa e os Mothers of Invention separavam-se. Após este período o músico lança o seu primeiro registo a solo, “Hot Rats”, marcado por grandes solos de guitarra, destacando-se o tema Peaches en regalia.

Mais tarde em 1970, Zappa formou uma nova versão da The Mothers que incluía o baterista britânico Aynsley Dunbar, o tecladista de jazz George Duke, Ian Underwood, Jeff Simmons (baixo, guitarra rítmica), e três membros do The Turtles: o baixista Jim Pons, e os cantores Mark Volman e Howard Kaylan, que, devido a problemas legais e contratuais, adotaram o nome de palco de "The Phlorescent Leech and Eddie" .

Mas as experiências a solo seguiam. Em 1974 “Apostrophe” chegou ao número 10 nas listas de álbuns pop da Billboard, com uma ajuda pelo single, “Don´t eat that yellow snow".
Após um período (sempre criativo), mas com problemas judiciais com a warner bros, Zappa lançaria um álbum que se revelou um sucesso, “Sheik yerbouti”, em 1979. “Joe´s Garage” foi lançado no mesmo ano.

Em 21 de dezembro de 1979, o filme de Zappa, “Baby Snakes", estreou em Nova Iorque. A frase promocional da pelicula era "Um filme sobre pessoas que fazem coisas que não são normais”. “Baby Snakes” baseava-se em sequências de concertos em Nova Iorque no final de outubro - início de novembro - de 1977. Também continha cenas de claymation feitas por Bruce Bickford .O filme acabou por ganhar o Premier Grand Prix no Primeiro Festival de Música Internacional de Paris, em 1981. A família Zappa lançou-o em DVD em 2003.

Em maio de 1982, Zappa lançou “Ship Arriving Too Late to Save a Drowning Witch”, que apresentava o seu single mais bem vendido em toda a sua carreira, a canção "Valley Girl", indicada para o Grammy Award e que chegou ao número 32 nos rankings da Billboard.
Por volta de 1986, Zappa relançou muitas das suas gravações de vinis, supervisionando pessoalmente a remasterização de todos os seus álbuns das décadas de 1960, 1970 e do início dos anos 1980 para CDs.
O álbum “Jazz From Hell”, lançado em 1986, rendeu ao músico o seu primeiro Prémio Grammy, em 1987 pela Melhor Performance de Rock Instrumental.
A última turné de Zappa numa banda de rock e jazz ocorreu em 1988, com um grupo de doze integrantes. A turné foi documentada nos álbuns “Broadway the Hard Way”, “The Best Band You Never Heard in Your Life” e “Make a Jazz Noise Here” (música na maior parte instrumental e de vanguarda). Partes são encontradas também em “You Can't Do That on Stage Anymore”, volumes 4 e 6.
Frank Zappa faleceu a 4 de dezembro de 1993, na sua casa, cercado pela sua esposa e filhos. Fica para sempre um grande legado e um mito eterno. 
Curiosidades: Zappa apareceu no programa de Steve Allen, no qual apresentava uma bicicleta como instrumento musical. Destaque para a atitude firme do jovem artista face ao discurso do apresentador (não muito convencido).


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